Como tudo começou...

Por que meus avós imigraram? Por que deixaram parentes na Europa e partiram para viver no Brasil, um país distante, quase desconhecido? Por que deixaram tudo para trás – casa, familiares, trabalho – e se lançaram numa aventura desconhecida?

Para entender os motivos da vinda dos meus avós paternos, Carlos Mumic e Francisca Baide Mumic para o Brasil como imigrantes, deixando parca traz o país onde nasceram, em diferentes cidades do Império Austro-Húngaro, no final do século XIX, é preciso conhecer um pouco da história do que acontecia na Europa naquela época. 

Em meados do século XIX, parte dos países europeus vivia um momento conturbado. De um lado a revolução francesa, da qual os italianos foram espectadores e participantes. De outro, avolumavam-se os conflitos entre a Áustria e a Prússia.

Assim que o Império Napoleônico ruiu, as grandes potências reuniram-se no Congresso de Viena, em 1815, para reorganizar o mapa da Europa. Após o Congresso, a Itália que estava dividida em sete estados, como consequência da derrota de Napoleão, iniciou o processos de unificação, que resultou em 50 anos de ásperas lutas.

Ente 1846 e 1848, a Europa teve péssimas colheitas. A situação da pobreza piorou. A indústria entrou em crise. O empobrecimento dos camponeses provocou a queda do consumo de tecidos e as fábricas pararam e dispensaram operários. Houve estagnação geral.

A Itália, ainda dividida em vários estados, sofria com as demandas das Sociedades Secretas, que exigiam reformas liberais e a unificação dos estados que, por outra parte, demandava a expulsão dos austríacos que controlavam a Itália desde o Congresso de Viena. Isto só ocorreu depois do fim da Primeira Guerra Mundial, em 1919.

Durante todo esse período a Itália pagou alto preço para livrar-se definitivamente da pressão do império Austro-Húngaro, constituído pela perda de muitas vidas humanas, e por uma situação econômica caótica, com a desvalorização da moeda, inflação e desemprego.

Enquanto isso, no Brasil, no segundo reinado exercido por D. Pedro II, iniciou-se a experiência de trabalho livre, nas fazendas de café, quando o Senador Nicolau Campos de Vergueiro, trouxe colonos suíços  e alemães, para trabalharem em regime de parceria, ao lado de escravos: cuidavam de uma certa quantidade de café em troca de porcentagem obtida na na venda dos grãos. Os colonos
, no entanto, acusaram o Senador de roubar no peso do café e na divisão das roças. O mesmo sistema foi adotado por muitos fazendeiros paulistas e foi abandonado em 1850.

Em 1871 o governo brasileiro criou a lei que permitia a emissão de apólices de até 600 contos de réis para auxiliar no pagamento de passagens e no adiantamento de 20 mil réis para cada família imigrante. Com o auxílio do governo da província, no mesmo ano foi fundada a Associação Auxiliadora de Colonização de São Paulo, formada por grandes fazendeiros e capitalistas. Como resultado, entre os anos de 1875 e 1885, só a província de São Paulo recebeu 42 mil estrangeiros.

Em 1887 a Sociedade patrocinou a vinda de 32 mil trabalhadores estrangeiros para o Brasil. Entre 1888 e 1900 entraram mais de 800 mil imigrantes.

Os imigrantes- portugueses, espanhóis, italianos, alemães, austríacos entre outros povos - foram, então, atraídos pela propaganda divulgada em seus países sobre o novo mundo, e que acenavam com uma nova vida. A maioria dos imigrantes tinha como endereço as grandes lavouras de café de São Paulo, onde iriam trabalhar. Mas um expressivo número de italianos, que sofriam com a falta de emprego e a fome generalizada em seu país, foram direcionados para os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. Muitos outros imigrantes ficaram nos núcleos urbanos, trabalhando como operários ou artesãos autônomos. E o estado do Espírito Santo foi escolhido por imigrantes alemães.

Navio a vapor usado pelos imigrantes.

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